sábado, 21 de agosto de 2010

Você realmente ama a dança?

Você só percebe que realmente ama a dança, quando não depende apenas de fazer uma atividade física semanal. Você só percebe que realmente ama a dança, quando seus parceiros pulam fora e você ainda persiste. Você só percebe que realmente ama a dança, quando a empolgação não depende de viagens, festivais e festas. Você só percebe que realmente ama a dança, quando se conforma em estudar outros estilos que podem ajudar no seu desempenho. Você só percebe que realmente ama a dança, quando a fome por ler e conhecer a verdade desta manifestação artística sai pelos poros. Você só percebe que realmente ama a dança, quando aprende a conviver constantemente com dores, em todos os sentidos. Você só percebe que realmente ama a dança, quando não precisa da música como metaliguagem. Você só percebe que realmente ama a dança, quando não se limita a apenas reproduzir. Você só percebe que realmente ama a dança, quando é capaz de se distanciar (e escrevo isso com lágrimas nos olhos) de uma vida estavelmente feliz, para buscar qualificação. Você só percebe que realmente ama a dança, quando descobre a coragem dentro de si mesmo, quando combate qualquer preconceito, quando tem sempre uma lágrima por vir. Você só percebe que realmente ama a dança, quando ama a arte em si, sua poesia, sua força, seu poder crítico e de transformação. Você só percebe que realmente ama a dança, quando exercita a repetição sem perder a essência.
Você só percebe que realmente ama a dança, quando não depende de nada para gostar dela, a não ser do próprio corpo mexendo, fazendo menção a tudo que se quer falar. Cantando em outras línguas, viajando infinitos, descobrindo nações. É o corpo. É o próprio corpo. Ele mesmo, que é formado por ciência e sensação. É completo, misterioso, poético, mortal. É cotidiano e magia ao mesmo tempo. Você só percebe que realmente ama a dança, quando esse corpo fala por si só e aquela sensação indescritível de vê-lo gritando alimenta tudo que a alma pode suportar. Alimenta, mas não fomenta. Só da mais fome. Mais fome e mais fome. Fome de mais. Fome demais.
O corpo que diz, fala, responde, questiona, sente. Sente. Sente de novo e quantas vezes precisar. Agora, sente e pense: você realmente ama a dança?

domingo, 15 de agosto de 2010

Mais um dia feliz

É tudo uma questão de sensação. Tudo molda-nos a sentir a vibe do dia de determinada maneira. O clima, a temperatura, o estado do céu, a aparição ou não do sol. O que sonhaste na última noite. Teus compromissos, teus afazeres de última hora, o cronograma da semana. O barulho que teu vizinho fez ou deixou de fazer, o email que atrasou, o recado que chegou. Ah, a conexão da tua internet, em dias como hoje, é outro fator que pode alterar perfeitamente teu estado de humor.
Teu ciclo menstrual, teu cabelo, as roupas limpas que ainda restam no armário. O capítulo do livro, o olhar daqueles que te rodeiam.
Hoje, felizmente, o dia amanheceu lindo, tive sonhos incríveis, o sol apareceu, meus compromissos estão encaixando-se como num quebra cabeça, minha semana tende a render. Meu vizinho soltou uma música boa, o email chegou, a minha internet está divina.
Meu cabelo está em perfeita harmonia, minhas roupas ainda têm cheiro de amaciante. Meu livro está no clímax. E os olhares do pessoal por aqui são apenas reflexos do meu, que, por sinal, costuma não parar de brilhar ao sentir a energia feliz desse dia.

sábado, 7 de agosto de 2010

Uhul seguido de eca ou vice-versa

Nova postagem. Na maior ingenuidade, abri essa página, a fim de atualizar essas palavras que só têm dançado por outros lugares.
Abri com milhares de coisas na cabeça, quase uns setecentos e oitenta assuntos que eu gostaria de tratar. Mas bastou enxergar esta caixa branca na qual escrevemos que meu cérebrou fez: pluf! Esbranquiçou também. Senti-me num Reveillon.
Soltei as mãos, pus o cabelo para trás da orelha, tomei um gole de água da garrafinha Charrua. Observei o quarto. Senti a vibração do corpo que hoje trabalhou bastante. Mas nada! Nadica de nada me moveu a escrever. Nadica de nada também não. Nadica de assunto.
Porém, parando para pensar, quem disse que preciso de assunto para escrever? E por que o que eu escrevo precisa ter algum nexo?
São muitos paradigmas, padrões. Prefiro fugir deles. Ou, pelo menos, tentar.
Chapéu azulado. Meia listrada. Agenda aberta. Papel rasgado. Teclas sensíveis. Água borbulhante. Mão acariciando os cílios. Pudim na geladeira. Mil vidas lá fora.
Está feito o texto.
O blog está atualizado. E isso merece um "uhul".
Então...uhul, uhul, uhul!
Eca, que expressão mais feia. Só perde para esse tal de "eca".

domingo, 1 de agosto de 2010

Intercâmbio de blogs

Vou postar um texto que escrevi para o "Diário das bailarinas" durante o Festival de Dança de Joinville, para, quem sabe, justificar o tempo em que estive afastada do "Palavras Dançantes". Mas, antes de qualquer outra coisa, obrigadão a todos que leram o blog, divulgaram, comentaram e, de uma maneira ou de outra, me ajudaram a recarregar a bateria. Até trasnbordar.
Foi inexplicável. Nenhuma palavra traduz. Mas juro que tentei...lê aí!

Festival de dança de Joinville é…

Fazer contagem regressiva para que ele comece. Dormir uma hora por dia. Marcar palco. Gastar dinheiro. Fazer grito de guerra. Dançar. Cantar a música do festival. Fazer contatos. Aventurar-se nos amores temporários. Criticar os grupos ao mesmo tempo em que elogia. Virar fã. Dançar. Virar ídolo. Gritar a ponto de enrrouquecer. Aprender. Ensinar. Tirar fotos. Sentir saudade da rotina. Fazer compras na Feira da Sapatilha. Ver Joinville transformada. Dançar. Fazer amigos de verdade, ou não. Enfrentar filas, inclusive para descansar nos puffs. Dormir em qualquer lugar. Comer qualquer coisa. Dançar. Ver as modalidades cada vez mais interligadas. Discutir arte. Sonhar. Inspirar-se. Ficar íntimo de seu próprio ídolo. Dançar. Fazer show na plateia. Ir pra balada. Ler panfleto. Dançar. Assumir identidades. Ir do pranto ao riso, do leve ao caos. Dançar. E, dentre tantas outras coisas, despedir-se com o corpo cansado, a cabeça transbordando e o coração…ah, esse já conta os dias para a próxima edição.
www.an.com.br/diariodasbailarinas