sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sobre a linguagem

Um dos tipos de derivação de palavras na língua portuguesa é a derivação imprópria. Esta permite que uma palavra, escrita da mesma forma, possa servir a diferentes classes gramaticais. A palavra “claro”, por exemplo, pode ser entendida como um adjetivo antônimo de escuro, como um advérbio significando clareza e até mesmo como o nome da operadora de celulares brasileira concorrente da “Vivo”. Vale lembrar que “vivo” também pode ser o antônimo de morto ou até mesmo a conjugação do verbo “viver” na primeira pessoa do singular no presente simples do modo indicativo.
São apenas exemplos, mas que, se levados a proporções maiores, ajudam-nos a entender as nuances de diferentes interpretações que apenas uma palavra, por menor que seja, pode causar.
Somos indivíduos moldados e absolutamente sujeitos a possíveis situações que venham a ocorrer. Tais situações estruturam nossas linhas de pensamento, a fim de que nossa linguagem adapte-se às circunstâncias em que nos encontramos. E, desta forma, seja livre o bastante para não precisar ser definida, conceituada e fixa. E sim maleável o suficiente para abranger diferentes significações em inúmeros contextos.
Esta é a ideia proposta por Wittgenstein ao usar a expressão “jogos de linguagem” e, somado a isso, o claro entendimento de que a linguagem está diretamente associada ao mundo e suas indefinições.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Esfomeado, faminto ou algo assim

A inspiração não parte do que se espera ver no final. A ideia não surge ao pensar no resultado estético. As pequenas e grandes criações partem do simples, rotineiro, trivial...pelo menos pra mim. Mas, independente de onde parte, a criação tem um propósito. E, caso não tenha, assumindo uma determinada forma, passa a ter.
Tal propósito varia de ano pra ano, coreografia pra coreografia, espetáculo pra espetáculo, de tempos em tempos. Os objetivos são diversos, mas o foco é o mesmo. O foco é concentrado naquele que sai de casa, transporta-se até o teatro, enfrenta fila, paga ingresso e merece, no mínimo, sair de lá diferente de como entrou.
É pra ele que eu faço arte! É pra ele a minha crítica, meu grito, meu desabafo cênico.
O meu maior desejo é que ele embarque lagarto, rasjejando aos meus pés para ver algo decente, e que, no decorrer da viagem que ele me permite guiar, transforme-se em borboleta. Não necessariamente nessa ordem. Não necessariamente assim.
Eu já quis provocá-lo, perturbá-lo, fazê-lo pensar. Já quis agradar, fazer rir, surpreender. Vou querer muito nessa vida e, provavelmente, vou discordar diversas vezes das minhas próprias ideias anteriores. O fato é que, agora, exatamente às 19h01min de uma terça-feira bonita em Joinville, eu quero simplesmente ALIMENTÁ-LO. Porque o que ele parece é estar morrendo de fome...