Bem que me avisaram que seria difícil. Certo recreio, lá em Cruz Alta, puxei a Laize comigo e fiz ela tentar me explicar o quão difícil seria conviver com a saudade e uma vida nova. Tenho certeza que ela lembra. Lembro que ela me deixou bem claro que não era fácil, não. Ouvi, mas não dei tanta importância. Sempre fui dessas de acreditar que a dor ou qualquer outra dificuldade é psicológica. O fato é que ela tinha razão.Na verdade, eu também tinha: é claro que é psicológica!
Ouvi dizer também que a não existe sucesso ou realização profissional sem que passemos por sacrifícios. No meu caso, aprender a conviver com a dor é fundamental. Não foram poucas as vezes que ouvi: "Bailarino tem que aprender a conviver com a dor". A dor física eu já estava preparada, mas confesso: a emocional me pegou de jeito.
Não sei definir com clareza o que sinto. Talvez sejam mesmo os tais sintomas de saudade. Sinto falta da minha casa, das minhas pessoas, do meu 2009.
Não sei fazer amizades baratas. Não sou corajosa o bastante pra sair por aí. Tenho medo. Muito medo. Sinto falta, muita falta.
Mas, como tudo que é bom dura pouco, tudo que é ruim deve durar pouco também. E é aí que eu me vejo satisfeita por ser bipolar. A crise bate, mas não permanece. E, quando permanece por um tempo um pouco a mais que o normal, começa a me preocupar. Por exemplo, agora.
Vejo mil motivos pra chorar. De repende, já lembro de outros mil pra sorrir. Precisava equilibrar isso, não achas?
A única coisa que sei é que não quero me acostumar. Ora me acostumar com uma coisa ruim dentro de mim! Quero vencer essa coisa ruim! Queria ser mais guerreira para combate-lá.
O que mais me consola é pensar que não posso viver por comparação. Não posso comparar minha vida de um mês atrás com minha vida atual. Mas é impossível acabar não fazendo isso. O meu azar (ou sorte) foi que os meus últimos meses/dias antes de vir pra cá foram bons demais, intensos demais, felizes de mais. Eu não sabia o que era dor a muito tempo.
Então, com esse texto todo desconfigurado e feio, deixo expresso o meu medo de não estar vivendo o presente intensamente. E, mais do que isso, deixo avisado: se nossos sacrifícios não forem proporcionais ao nosso futuro sucesso, me avisem logo! Antes que seja tarde demais.
OBS.: Agora preciso correr atrás de um bom texto pra passar por cima desse daqui. Nem sei porque eu publiquei. Acho que essa vida de "bailarina de verdade" tem me tornado corajosa. Opa, que coisa boa de se ler!